Rede de descanso Denaná

terça-feira, 6 de setembro de 2011

História da Rede - Final


Câmara Cascudo dedica a parte final do livro Rede de Dormir à reprodução das muitas contribuições que recebeu oriundas de demais intelectuais, entre eles, médicos, poetas, historiadores. Aliás, o autor revela em "Nota" dever a Assis Chateaubriand, jornalista e empresário dos mais influentes do Brasil entre os anos 1940 a 1960, ter escrito a obra. Olegário Mariano, Adelmar Tavares, Carlos Drummond de Andrade, Raquel de Queiroz e tantos outros estão na Antologia de Rede de Dormir.  Hoje, portanto, escolhemos encerrar a série sobre a obra de Câmara Cascudo com a reprodução de pequenas partes do ensaio de autoria do médico A. da Silva Mello, intitulado "O uso da rede, do berço e da cadeira de balanço e as suas vantagens" e com data de setembro de 1957, Rio de Janeiro.
"(...) Acusam-na de contra-indicada para o repouso por ser curva e dar posição artificial ao corpo dormente, esquecidos dos sertanejos fortes que envelhecem sadios e dentro das redes. Sertanejos e caraíbas e tupis, os mais valentes indígenas do continente".
"A posição curvada tomada pelo corpo na rede, que pode ser julgada anormal ou prejudicial, deve impor-se antes como ideal para o repouso, pois corresponde à do feto no útero, a qual igualmente muitos animais e mesmo o homem quase sempre tomam para dormir. (...)".
"A posição do corpo na rede é tão natural, tão fisiológica, tão favorável que as vezes se pode revelar de utilidade mesmo em determinados casos de moléstia".
"Diversos autores referem-se ao prazer que é obtido pelo movimento rítmico de balançar, sem dúvida a razão de ser desse móvel que por toda a parte teve tanta aceitação. (...)".
"Não há dúvida que descobertas e hábitos desse gênero merecem atenção, pois representam conquistas instintivas, certamente úteis ou necessárias, mas que vamos menosprezando, tanto devido às condições modernas da existência, quanto à falta de conhecimentos mais profundos da questão. (...)".
"(...) A nossa rede, uma das invenções mais felizes do homem primitivo, entra nesse conjunto, talvez servindo para nos fazer compreender melhor certas tendências naturais do nosso povo".
Assim concluímos o passeio pela obra de Câmara Cascudo, Rede de Dormir. Para ver todos os posts desta série clique em Marcadores/História da Rede.

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