Rede de descanso Denaná

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

História da Rede, cap. 10

O capítulo final de Rede de Dormir Câmara Cascudo dedica a falar da invenção do mosquiteiro. Utilitário essencial naqueles tempos, quando era comum passar as noites florestas e matas a dentro. No entanto...
"Os indígenas litorâneos, mais conhecidos dos colonizadores, aliados e vítimas, não tinham mosquiteiros. Dormiam em redes ('inis'), com um pequenino fogo aceso, aquecendo e afugentando os inimigos noturnos, insetos e fantasmas.
(...)
"Creio, até prova em contrário, que o mosquiteiro é elemento alienígena, trazido pelo europeu que, há milênios, o conhecia. O mosquiteiro, acidentalmente usado pelo ameríndio, desde a primeira metade do século XVI, resulta de construção imitada pelo modelo improvisado ante seus olhos pelo homem branco. Tanto não se integrou o mosquiteiro na vida indígena que este o adotou, comprando-o, séculos depois, com o dinheiro ganho na exploração da borracha. Em caso contrário fabricá-lo-ia natural, logicamente, como fazia e ainda faz com todos os objetos necessário ao seu relativo conforto, rede de dormir, vasos para bebidas, ornamentos, armas, etc.
Certo é que o mosquiteiro não é muito popular na Europa. Nunca o deparei em Portugal, na Espanha, no sul da França e nas regiões das lagunas italianas onde há (ou havia) tanto mosquito zumbidor. Mas o conhecimento é bem velho e o registro antiquíssimo.
Heródoto, Euterpe, XVC, descreve o mosquiteiro no Egito no quinto século antes de Cristo. Para livrar-se do mosquito o egípcio recorria às redes finas, impenetráveis aos insetos. (...)".
Com essa discussão Câmara Cascudo encerra a narrativa do capítulo final de Rede de Dormir. No próximo e último post, um destaque da antologia apresentada pelo autor.
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