Após traçar um histórico do uso da rede de dormir no continente americano nos dois capítulos iniciais do livro Rede de Dormir, Câmara Cascudo dedica o terceiro capítulo a considerações a respeito da impossibilidade de se fazer certas afirmações nos domínios etnográficos e da antropologia cultural. "Tenho saudades do tempo em que era natural colocar-se um letreiro em cima de cada coisa, historiando-lhe o nascimento".
Assim ele lança incertezas diante da forma como se deu o povoamento do continente americano e da existência da rede fora desses limites. "Fora da terra ameraba não deparei a rede de dormir, exceto no registro de uma enciclopédia, a Treccani, indicando uma única área além do Novo Mundo onde, de fibra entrelaçada, existiria a hamaca. E foi justamente na Nova Guiné (...)".
"Sabemos que o português levou a rede para a sua Índia no século XVI e o inglês nos finais do século XVIII. China, Japão, Coreia tiveram a rede como transporte pela mão do português furamundo (...)". "(...) Não temos documentação para dizer que a rede existisse na Nova Guiné senão no século XIX (...)".
De volta ao início
"Por que e como impôs-se a fórmula da hamaca, da rede de dormir?", questiona Cascudo. E ele completa mais a frente: "A ideia poderá ter nascido dos balanços lúdicos nas lianas da mata e ocasionais descansos gostosos num breve sentamento nos cipós curvos que laçavam árvores próximas".
Por outro lado, segundo o autor, no "seculo XVI as redes antigas e recentes eram, como atualmente, todas usadas e comumente feitas. (...) Fácil é cortejar as redes das gravuras de Hans Staden e Jean de Lery, de tecedura semicompacta, com a grade vegetal de fibras rudemente entrelaçadas que documenta a alegoria de Stradanus (1590) 'Vespúcio descobridor da América'".
No próximo post seguiremos com o capítulo 4 do livro Rede de Dormir. Para ver todos os posts desta série clique em Marcadores/História da Rede.
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