No presente capítulo, Câmara Cascudo descreve em seu livro Rede de Dormir como a rede penetra na Europa. Feito graças, segundo o autor, não unicamente através dos colonizadores de Espanha e Portugal, mas também pelos navegadores franceses. "A navegação francesa para o Brasil começara maravilhosamente cedo". Confira o que mais relata Cascudo.
"Os navios de comércio franceses teriam sido os divulgadores da excelência da rede de dormir substituindo os enxergões ásperos e contrários ao clima nas longas estadias. As redes armadas facilmente no convés ou nas cobertas nos tempos chuvosos constituíra solução de conforto e utilização de espaço a bordo. Os trugimões normandos, habituados com as inis, tinham a comunicabilidade da experiência própria. Cômoda, higiênica, prontamente renovável, a rede impunha-se sobre os enxergões e catres ardentes e mau-cheirosos.
Inicialmente a rede levada nos navios da França recebeu batismo francês e este foi o branle, oscilação, bamboleio, vaivém, balanço, imagem fiel do movimento daquele leito suspenso, empurrado por qualquer vento. Branle é, evidentemente, o nome arcaico da rede de dormir nos primeiros tempos de sua aclimatação francesa. Resistiu, porém, vencendo afinal o termo caraíba ou aruaco, hamaca, dando o francês hamac, tornando-se amaca (italiano), hammock (inglês). Os alemães preferiram descrever o objeto, dizendo-o hangematte, de hanger, suspenso, e matte, esteira, como os holandeses, hangmat, hangmak, hamgemach.
Os marinheiros franceses determinaram o uso que se espalhou para as demais marinhas. Era uma moda de França que dominava pela sua comodidade funcional para as longas viagens, defesa da ardência tropical, facilidade de acomodação e manejo".
Na foto acima, reproduzida do livro, registro de "redeira sorocabana tecendo no antigo tear".
No próximo post seguiremos com o capítulo 6 do livro Rede de Dormir. Para ver todos os posts desta série clique em Marcadores/História da Rede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário